E.E "Pedro de Mello" Filosofia - Professor Ednilson

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TEXTO PARA O TERCEIRO ANO


FILOSOFIA E CIÊNCIA

A Ciência

Existe uma grande diferença entre as nossas certezas cotidianas (ex: a família sempre existiu; o mundo foi criado de uma só vez; existem raças de seres humanos, etc) e o conhecimento científico. O objetivo desta aula é tentar desvendar como e por que ela existe.

O senso comum (saberes cotidianos) pode ser definido a partir das seguintes características:

·         São subjetivos
·         Levam a uma avaliação qualitativa das coisas
·         São individualizadores
·         São generalizadores
·         Tendem a estabelecer relações de causa e efeito entre as coisas e fatos
·         Não se surpreendem nem se admiram com a regularidade, constância, repetição diferença das coisas
·         Equiparam a investigação científica à magia, por considerar que ambas lidam com o desconhecido
·         Costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e de medo diante do desconhecido (ex: na Idade Média, as pessoas viam demônios por toda a parte, hoje vêem discos-voadores)
·         Cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca

A Atitude Científica

O conhecimento científico se opõe ao senso comum, desconfiando das certezas cotidianas e transformando-as em problemas, obstáculos. O conhecimento científico:

·         É objetivo, pois procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas
·         É quantitativo, ou seja, busca medidas, padrões, critérios (ex: comprimento da onda luminosa, intensidade dos sons)
·         É homogêneo, isto é, busca leis gerais de funcionamento dos fenômenos, que são as mesmas para fatos que nos parecem diferentes (ex: lei universal da gravitação)
·         É generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida.
·         É diferenciador, pois não reúne nem generaliza por semelhanças aparentes
·         Só estabelece relações casuais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado (ex: peso de um corpo depende do campo gravitacional onde se encontra)
·         Surpreende-se com a regularidade, a constância, a freqüência, a repetição e a diferença das coisas (ex: um eclipse, um terremoto, um furacão)
·         Distingue-se da magia
·         Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá-los no mundo e nos outros.
·         Procura renovar-se e modificar-se continuamente

ð  Enquanto o senso comum é baseado em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas,  a ciência baseia-se em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional.

As três principais concepções de ciência são:

·         Racionalista: estende-se dos gregos até o final do século XVII, e afirma que a ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar nenhuma dúvida. (ex: matemática)
·         Empirista: vai da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX, e afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento. Destaca-se o papel da experiência, que não tem o papel de verificar e confirmar conceitos, mas de produzi-los.
·         Construtivista: iniciada no século XX, considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade. O cientista combina os procedimentos vindos do racionalismo e do empirismo, e acrescenta um terceiro, vindo da ideia de conhecimento aproximativo e corrigível




A Filosofia das ciências

            Estuda as mudanças científicas, e impôs um desmentido à ideia de progresso da ciência. Isso não quer dizer que vê a ciência num processo de regressão, mas que as elaborações científicas e os ideais científicos são descontínuos. Como exemplo, podemos citar a física. Se compararmos as físicas de Aristóteles, Galileu e Einstein, não estaremos diante de uma mesma física que teria evoluído ou progredido, mas diante de três físicas diferentes. Esse processo foi denominado pelo filósofo Gaston Bachelard de ruptura epistemológica. => epistemologia = epistême (ciência) + logia (conhecimento sobre) è conhecimento filosófico sobre a ciência

A ciência contemporânea é construtivista. Segundo Karl Popper, uma teoria científica é boa quanto mais aberta estiver a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e os conceitos que em que se baseava, ou seja, a teoria vai sendo corrigida por fatos novos que a falsificam.

As ciências humanas

            A percepção de que os homens são diferentes das coisas é bem antiga, porém as ciências humanas propriamente ditas são bem recentes. Passa pelo humanismo do século XV, pelo positivismo do século XIX e pelo historicismo do século XX. Seus campos de estudo são: Psicologia, Sociologia, Economia, Antropologia, História, Linguística e Psicanálise.

Ciência desinteressada e utilitarismo

            Desde a Renascença duas concepções sobre o valor da ciência estiveram sempre em confronto. O ideal do conhecimento desinteressado afirma que o valor de uma ciência encontra-se na qualidade, no rigor e na exatidão, na coerência e na verdade de uma teoria, independentemente de sua aplicação prática.  O utilitarismo afirma, ao contrário, que o valor de uma ciência encontra-se na quantidade de aplicações práticas que possa permitir.

ð  As duas concepções são verdadeiras, mas parciais.

O cientificismo

            Grosso modo, pode ser definido como fusão entre ciência e técnica e a ilusão da neutralidade científica.Tal fusão é operada pelo senso comum, que tende a associar a  ciência com os resultados de suas aplicações. É a ideia de que a ciência pode e deve conhecer tudo. Outro mito do senso comum relacionado à ciência é o de que ela seria neutra. Isso é ilusório, porque ao escolher seu objeto, o cientista decide usar determinado método esperando obter certos resultados. Isso não é de modo algum uma atividade neutra e imparcial, mas feita por escolhas precisas.

Confusão entre ciência e técnica

            Devido a considerar apenas os efeitos mais imediatos da ciência, ou seja, os objetos tecnológicos usados no cotidiano (ex: computador, máquina de lavar, etc.), o senso comum desconhece que ela passou a fazer parte das forças econômicas e produtivas da sociedade que trouxeram mudanças sociais, e que governos e empresas financiam grandes pesquisas. Por não compreender o poderio econômico das ciências, lutamos para ter acesso e consumir os objetos tecnológicos, mas não para ter acesso ao conhecimento e ao direito de decidir seu modo de inserção na vida econômica e política de uma sociedade

O problema do uso das ciências

            Em razão de ter se tornado parte de forças econômicas e produtivas, a ciência passou a ser pesadamente financiada por governos e empresas, o que na prática sufoca a liberdade do pesquisador. Ela pode criar novas profissões e encerrar antigas, criar dilemas morais, como é o caso da genética, e uma série de consequências graves para a sociedade. Mas essa está cada vez mais longe de poder influenciar os rumos das pesquisas,  visto que seus rumos são definidos muito antes de se iniciarem, por organizações com grande poder econômico, o que faz a balança pender para o lado do cientificismo.

TEXTOS PARA O SEGUNDO ANO


PRIMEIRO  TEXTO 

SIGMUND FREUD E A PSICANÁLISE -CONCEITOS PRINCIPAIS


 O trabalho de Sigmund Freud, nascido das disciplinas especializadas de Neurologia e Psiquiatria, propõe uma concepção de personalidade que surtiu efeitos importantes na cultura ocidental. Sua visão da condição humana, atacando violentamente as opiniões prevalecentes de sua época, oferece um modo complexo e atraente de perceber o desenvolvimento normal e anormal. Freud explorou áreas da psique que eram discretamente obscurecidas pela moral e filosofia vitorianas(HISTÓRIA relativo à época da rainha Vitória da Inglaterra, 1840-1901)Descobriu novas abordagens para o tratamento da doença mental. Seu trabalho contestou tabus culturais, religiosos, sociais e científicos. Seus escritos, sua personalidade e sua determinação em ampliar os limites de seu trabalho fizeram dele o centro de um círculo de amigos e críticos em constante mudança. Sigmund Freud, pelo poder de sua obra, pela amplitude e audácia de suas especulações, revolucionou o pensamento, as vidas e a imaginação de uma era. Seria difícil encontrar na história das idéias, alguém cuja influência fosse tão imediata, tão vasta e tão profunda.

Psicanálise - Disciplina criada por Freud que consiste em um método par investigação dos processos mentais, um método de tratamento das desordens psíquicas e um corpo e teorias que tenta sistematizar os dados introduzidos pelos métodos psicanalíticos mencionados acima.
A técnica psicanalítica de tratamento consiste basicamente em levar o paciente a associar livremente, isto é, exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que lhe ocorrem sem preocupação de dar-lhes sentido ou coerência; interpretar tanto as associações como os obstáculos que encontra ao associar ajudando assim o paciente a eliminar as resistências que o impedem de tomar contato com os conflitos inconscientes; e interpretar seus sentimentos e atitudes em relação ao analista, pois o paciente tende a repetir na relação terapêutica as modalidades de relacionamento que teve com seus progenitores durante a infância (ver transferência).
Em resumo, chamamos psicanálise o trabalho que ajuda o paciente a tornar conscientes suas experiências reprimidas, expondo assim suas motivações até então desconhecidas.
Determinismo Psíquico: Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre por acaso e muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação. Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar a descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro.

Aparelho Psíquico - Designa os modelos concebidos por Freud para explicar a organização e o funcionamento da mente. Para isso ele propôs algumas hipóteses entre as quais as mais conhecidas são: a hipótese econômica que concerne essencialmente á quantidade e movimento da energia na atividade psíquica; a hipótese topográfica que tenta localizar a atividade mental em alguma parte do aparelho, que ele divide em: consciente, pré-consciente e inconsciente; e a hipótese estrutural na qual ele divide a mente em três instâncias funcionais: Id, ego e superego, atribuindo a cada uma delas uma função específica.

Consciente, Pré-Consciente, Inconsciente
Consciente: O consciente é somente uma pequena parte da mente, inclui tudo do que estamos cientes em um dado momento. Embora Freud estivesse interessado nos mecanismos da consciência, seu interesse era muito maior com relação às áreas da consiência menos expostas e exploradas, que ele denominava pré-consciente e inconsciente.
Inconsciente - É possivelmente o conceito mais fundamental da teoria freudiana. Em seu trabalho Freud demonstrou que o conteúdo da mente não se reduz ao consciente, mas que pelo contrário a maior parte da vida psíquica se desenrola em nível inconsciente. Ali se encontram principalmente idéias (representações de impulsos) reprimidas, às quais é negado o acesso à consciência mas que têm grande influência na vida consciente. Estas idéias reprimidas aparecem de forma disfarçada nos sonhos e nos sintomas neuróticos principalmente e é através do seu conhecimento que podemos chegar até o conflito neurótico durante um processo terapêutico geralmente. O inconsciente é uma das entidades do 1º modelo da mente criado por Freud (ver aparelho psíquico).
Pre-Consciente - Refere-se aos pensamentos que não são conscientes num dado momento mas que podem chegar espontaneamente à consciência ou por evocação do próprio indivíduo. Diferem dos pensamentos inconscientes que por terem sido reprimidos não têm acesso à consciência a não ser em circunstâncias muito especiais.
Como substantivo refere-se a um sistema do aparelho psíquico, concebido por Freud (ver aparelho psíquico).

Psicoterapia - Termo comumente usado para designar as formas de tratamento psicológico que se diferenciam da psicanálise, a qual é uma forma de terapia mais profunda, mais intensa e total que qualquer outra. A "psicoterapia de orientação psicanalítica" usa a teoria psicanalítica em combinação com outras técnicas. A psicoterapia pode ser individual ou em grupo, superficial ou profunda, de apoio ou sugestiva. Pode ter marcos referenciais teóricos os mais diversos, como vemos na gestalt, no psicodrama, na análise transacional etc. Considera-se que de modo geral seu trabalho é feito principalmente nos níveis mais conscientes da personalidade.

Complexo de Édipo - De acordo com Freud a criança entre 2 e 5 anos aproximadamente desenvolve intenso sentimento de amor pelo genitor do sexo oposto e grande hostilidade pelo do próprio sexo, a quem deseja eliminar como a um rival. Esses sentimentos geralmente são vividos com grande intensidade e ao mesmo tempo com grande ambivalência, pois embora odeie o genitor do mesmo sexo, que o impede de realizar seus desejos, também o ama por tudo de bom que ele representa. Surge então a culpa e o medo à retaliação (medo à castração). Esse conflito geralmente declina após a idade de 5 anos e reaparece com o advento da puberdade, sendo um dos fatores que contribuem para a crise da adolescência. De uma resolução satisfatória desse conflito depende uma boa estruturação da personalidade
Complexo de Castração - Ao perceber que há pessoas que não possuem pênis, o menino começa a temer a perda do seu próprio. Sente isso como uma ameaça paterna por suas atividades sexuais e seus desejos incestuosos. A menina sente a ausência de pênis como uma perda já consumada e procura de alguma forma compensá-la. A ansiedade de castração tem um lugar fundamental na evolução da sexualidade infantil dos dois sexos e aparece constantemente na experiência analítica subjacente às modalidades de relacionamento do indivíduo com seu mundo interno e externo.

Fases Psicossexuais do Desenvolvimento
Freud usa o termo fixação para descrever o que ocorre quando uma pessoa não progride normalmente de uma fase para outra, mas permanece muito envolvida em uma fase particular. Uma pessoa fixada em uma determinada fase preferirá satisfazer suas necessidades de forma mais simples ou infantil, ao invés dos modos mais adultos que resultariam de um desenvolvimento normal.
Fase Oral - corresponde ao 1º ano de vida de uma criança, onde seus contatos mais significativos são feitos através da boca. Além de sua função na alimentação, ela é também a sede principal dos prazeres eróticos da criança nessa fase. Podemos observar que uma criança inquieta pode se acalmar com uma chupeta porque a sucção produz uma satisfação erótica que alivia as sensações do organismo.
 Nessa fase a criança é essencialmente dependente e receptiva. A incorporação e o modelo básico de seu comportamento nas interações com o meio.
O relacionamento que estabelece com a mãe nesse período da vida vai ter uma importância fundamental na forma que a criança vai configurar o mundo e se relacionar em seu ambiente. Uma boa mãe saberá dosar bem a satisfação das necessidades de seu bebê e as restrições, o que estabelecerá uma base de confiança nos futuros relacionamentos.
Distúrbios no desenvolvimento desta fase geralmente se evidenciam mais tarde por traços de dependência excessiva de outras pessoas, de alimentos (obesidade), de álcool (alcoolismo) ou de qualquer outra coisa.
Fase Anal - É a Segunda do desenvolvimento libidinal (ver libido), e está situada entre um e três anos de idade. Nesta fase os interesses da criança se organizam predominantemente em torno da função anal, pelo prazer que sente na expulsão e retenção das fezes, que ela agora consegue controlar através de um crescente domínio muscular. Esse controle tem também conseqüências importantes no relacionamento interpessoal com o meio ambiente. A criança agora é capaz de dar e negar (as fezes) de colocar esse controle a serviço as expectativas do meio ou de sua necessidade e prazer. As atitudes que se formam nessas interações com o meio vão estabelecer em grande parte as bases de seus futuros relacionamentos.
Fase Fálica - Nesta fase que vai de 3 a 5 anos aproximadamente, a libido concentra-se nos órgãos genitais que se tornam a zona erógena predominante. Os conflitos dessa fase estão ligados aoComplexo de Édipo, com o surgimento de desejos incestuosos e seu conseqüente temor à castração. Oscila o seu comportamento entre a iniciativa e a culpa.
Fase de Latência - Inicia-se por volta dos 5 anos e se estende até o início da puberdade. Caracteriza-se principalmente pelo declínio dos interesses sexuais, que segundo a teoria psicanalítica são reprimidos e só aparecem na adolescência. Nessa fase tendo superado em parte os conflitos do Complexo de Édipo, amplia seu ambiente social procurando estabelecer novos contatos, assim como se dedica a adquirir novas habilidades na aprendizagem escolar, nos esportes etc..
Fase Genital: A fase final do desenvolvimento biológico e psicológico ocorre com o início da puberdade e o conseqüente retorno da energia libidinal aos órgãos sexuais. Neste momento, meninos e meninas estão ambos conscientes de suas identidades sexuais distintas e começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.
Fixação - Processo pelo qual o indivíduo permanece vinculado a modos de satisfação ou padrões de comportamento característicos de uma fase anterior de seu desenvolvimento libidinal (ver libido). A fixação pode ser também a pessoas significativas da infância. Assim encontramos expressões freqüentemente usadas na psicanálise como fixação oral, fixação anal, fixação maternal, fixação paternal. Chamamos pontos de fixação àqueles momentos do desenvolvimento libidinal que foram perturbados e dos quais o indivíduo permanece fixado ou dos quais regride em estado de tensão.

Estrutura da Personalidade: Freud ordenou três componentes básicos estruturais da psique: o id, o ego e o superego.
Id - Uma das instâncias da teoria estrutural (id, ego, superego) do aparelho psíquico. O Id que opera em nível inconsciente contém os impulsos instintivos que se originam na organização somática e ganham aqui expressão psíquica e também idéias e recordações que por serem insuportáveis ao indivíduo foram reprimidas. É considerado como um reservatório de energia, com a qual alimenta também as outras instâncias (ego e superego). Porém, não possui uma organização comparável à do ego, pois é regido pelo Princípio do Prazer, que busca sempre a satisfação, ignorando as diferenças e contradições e sem a capacidade de considerar espaço e tempo. Sua interação com as outras instâncias é geralmente conflituosa pois o ego sob os imperativos do superego e as exigências da realidade tem que avaliar e controlar os impulsos provindos do Id, permitindo sua satisfação, adiando-a ou inibindo-a totalmente.
Ego - É uma das três instâncias (id, ego e superego) que Freud concebeu em um de seus modelos para explicar o funcionamento da mente humana (ver aparelho psíquico). O ego é a parte organizada desse sistema que entra em contato direto com a realidade externa e através de suas funções tem capacidade de atuar sobre esta numa tentativa de adaptação. Por isso, estão sob o domínio do ego as percepções sensoriais, os controles e habilidades para atuar sobre o ambiente, a capacidade de lembrar, comparar e pensar. No âmbito de sua relações com as outras duas instâncias do sistema e o egoassume o papel de mediador e integrador dos impulsos instintivos do id (ver id) e as exigências do superego (ver superego), para adaptá-los à realidade externa.
Superego - Uma das três instâncias da personalidade, que Freud concebeu em um dos modelos do aparelho psíquico (ver aparelho psíquico). O superego é formado a partir das identificações com os genitores, dos quais ele assimila as ordens e proibições. Assume então o papel de juiz e vigilante, formando uma espécie de auto-consciência moral Os mandatos do superego incluem muitos elementos inconscientes que derivam do passado do indivíduo e que podem entrar em conflito com seus valores atuais.
Com relação as outras instâncias, ele é o controlador por excelência dos impulsos do id e age como colaborador nas funções do ego, mas muitas vezes ele se torna extremamente severo anulando as possibilidades de satisfação instintiva e a capacidade de livre escolha do ego.

Objeto - Na teoria psicanalítica significa aquilo através do que um impulso instintivo pode obter satisfação. Pode ser uma pessoa em sua totalidade ou parte dessa pessoa (como o seio para o bebê)., pode ser uma entidade ou um ideal. Os objetos podem ser reais ou imaginados.
Libido - É a energia inerente aos movimentos e transformações dos impulsos sexuais. Ela é a contrapartida psíquica da excitação sexual somática. É uma palavra latina que significa desejo, vontade.
Defesa - É o conjunto de manobras inconscientes (mecanismos de defesa) que o ego se utiliza para evita ameaças à sua própria integridade. Essas ameaças podem surgir pela intensificação dos impulsos instintivos que põem em perigo o equilíbrio do ego, que tem como função harmonizar esse impulsos com os imperativos do superego ("consciência moral") e às exigências da realidade externa.
Identificação - Processo pelo qual o indivíduo se torna idêntico a outro pela assimilação de traços ou atributos daquele que lhe serve de modelo. Nesse processo o indivíduo, tanto pode assimilar aspectos de outra pessoa como também pode, identificar em outros aspectos seus. É através das identificações que desde o princípio a personalidade se forma e se diferencia.
Projeção - Processo defensivo (ver defesa) no qual o indivíduo atribui a outro (pessoa ou coisa) sentimentos e desejos que seria penoso admitir como seus próprios.
Racionalização - Processo defensivo (ver defesa) no qual o indivíduo procura justificar suas ações de forma coerente desconhecendo entretanto suas motivações inconscientes.
Repressão - Mecanismo de defesa do ego (ver defesa)., pelo qual as representações de impulsos que podem produzir angústia são mantidas recalcadas no inconsciente.
Sublimação - Processo pelo qual a energia dos instintos sexuais é deslocada para atividades ou realizações de valor social ou cultural, como as atividades artísticas ou intelectuais.





SEGUNDO TEXTO





A Indústria Cultural


                O conceito de Indústria Cultural foi cunhado por Theodor Adorno, em parceria com Max Horkheimer, na obra “Dialética do esclarecimento” (1947). Os dois pertenciam ao movimento filosófico conhecido como Escola de Frankfurt.
                Adorno (11 de setembro de 1903, em Frankfurt – 6 de agosto de 1969 em Visp). Foi filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão.
                Horkheimer (14 de fevereiro de 1895, em Stuttgard – 7 de julho de 1973, em Nuremberg). Foi filósofo e sociólogo.

Escola de Frankfurt

Escola de Frankfurt foi o nome dado ao grupo de pensadores, filósofos e cientistas sociais alemães que se dedicaram aos estudos de variados temas que compreendiam desde os processos civilizadores modernos e o destino do ser humano na era da técnica (ou tecnologia) até a política, a arte, a música, a literatura e o cotidiano. Dentro desses temas, chamaram à atenção para a extrema importância da mídia (meios de comunicação) como fomentador da cultura de mercado e formadora do modo de vida contemporâneo. Dentre os grandes pensadores desta Escola, podemos citar Theodor Adorno, Max Horkheimer, Hebert Marcuse, Erich Fromm e Walter Benjamin. Destacamos os dois primeiros, Adorno e Horkheimer, criadores de um conceito base para os estudos culturais: a indústria cultural.
Adorno e Horkheimer no livro Dialética do Iluminismo apontaram um novo conceito com relação à cultura e a massificação da cultura. Na visão deles a “cultura para a massa” não passava de uma simples industrialização da cultura, ou seja, haveria o uso da racionalidade técnica (a tecnologia) a serviço da dominação ideológica. Apontavam, assim, o conceito de Indústria Cultural, que seria, portanto, um mecanismo de massificação da opinião, dos gostos e da necessidade de consumo. Na Indústria Cultural tudo passa a ser um produto de mercado (inclusive o ser humano [reificação, a coisificação do homem]), a verdadeira preocupação não é transmitir informações ou conhecimento, mas sim vender, cada vez mais, produtos e idéias homogeneizadas, a fim de se obter o lucro acima de (quase) tudo.

A cultura sob as regras da Indústria Cultural passa a ser apenas mercadoria, um produto a ser vendido e explorado comercialmente. A arte, a música, a literatura se transformam em meros produtos com o objetivo de serem difundidos comercialmente e vendidos como se fossem um pacote de feijão em uma prateleira de supermercado. Perde-se o valor e a essência da criação cultural, isto não é o mais importante. O que realmente importa é enlatar, rotular e vender o "produto" em um grande centro de compras.

Dentro da Indústria Cultural, para que o mercado atinja o seu principal objetivo (o lucro), existe uma peça fundamental a ser explorada: a alienação do povo. É da alienação que se aproveita a Industria Cultural para massificar os seus produtos. Ao massificar e homogeneizar gostos e necessidades de consumo, o mercado aprofunda a alienação, ao alimentar-se e alimentá-la em uma troca bilateral e mútua. A passividade e o conformismo são frutos desta alienação. 

Como diz o professor Francisco Rüdiger, os pensadores frankfurtianos criticavam a cultura de massa não porque ela é popular, mas sim porque esta cultura mantém as marcas da exploração e da dominação das massas, fato que ocorre desde as origens da história. E, como também diz o citado professor, os frankfurtianos não criticavam a tecnologia nem os avanços tecnológicos, mas sim o seu emprego, ou seja, os objetivos por trás da utilização das novas tecnologias. Podemos afirmar, então, que a Indústria Cultural é opressora, determina até onde vai o livre arbítrio do indivíduo ao submetê-lo à dominação ideológica que coloca frente a frente: classes dominantes > classes populares. A cultura de massa é marca da imposição e exploração da dominação de classes.


Principais conceitos:

Indústria Cultural: Esse termo foi criado por Adorno e Horkheimer com a finalidade de substituir a expressão “cultura de massas”, pois esta última sugere que se trata de uma cultura que brota das próprias massas, o que não condiz com a teoria por eles elaborada. Segundo Adorno, “Dela a indústria cultural se diferencia de modo mais extremo. Ela combina o consuetudinário (costumes locais) com uma nova qualidade. Em todos os seus setores são fabricados de modo mais ou menos planejado, produtos talhados para o consumo de massas e este consumo é determinado em grande medida por estes próprios produtos”(...) “Indústria cultural é a integração deliberada, pelo alto, de seus consumidores”(...) “As mercadorias culturais da indústria se orientam pelo princípio da sua valorização, e não pelo seu próprio conteúdo e da sua forma adequada. A práxis conjunta da indústria cultural transfere a motivação pelo lucro, tal qual as criações do espírito”.
=>“A expressão "indústria", contudo, não deve ser tomada ao pé da letra: ela se refere à estandardização (padronização para produção em massa) da própria coisa, por exemplo, à estandardização dos filmes western, familiares a todo freqüentador de sala de cinema, e a racionalização das técnicas de divulgação; não ao processo de produção no sentido estrito.”

Razão Instrumental - Horkheimer e Adorno fabricam o conceito de razão instrumental como elemento chave utilizado na sondagem da sociedade moderna. Para a Escola de Frankfurt a razão instrumental toma a realidade como objeto de estudo da ciência com o propósito de conduzir a um controle e a uma dominação técnica dos processos naturais. Esta situação se agrava quando a necessidade de controle passa a ser chefiada pelos interesses da atividade industrial capitalista.



DESCULPE PELA DEMORA!! ESSES TEXTOS SERVEM PARA AS PROVAS DE TERCEIRO BIMESTRE


TEXTOS DO PRIMEIRO ANO 

TEXTO 1


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CULTURA – MITO E CULTURA
Um mito é uma narrativa que trata de algo sem necessariamente submeter-se às formas lógicas, como nas ciências. Em geral, os mitos estão envolvidos com a religião dos povos e com as crenças das pessoas. Para encerrar este momento, você pode perguntar aos alunos se eles conhecem algum mito. Ernest Cassirer, no livro A filosofia das formas simbólicas, desenvolve profunda reflexão sobre os mitos. Para ele, o mito seria a primeira forma de interpretação do mundo, o que deu lugar, depois, à religião, sem que esta lhe seja superior. Todo o contato do homem com a natureza e com os outros homens é realizado por meio de símbolos. O homem toca o mundo pelos signos, ele os inventa e deles tira o sentido das coisas. Desde os primórdios da história, o homem acredita e representa suas crenças e suas visões do mundo. Os símbolos são a forma que o homem usa para representar sua vida. Os símbolos são partilhados por várias pessoas, mas também podem ser muito pessoais, acontecendo o mesmo com os significados. Lembre-se de que o signo é a representação dos sentidos de algo: pode ser uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, um gesto, uma temperatura, uma dança. O significado é o “conteúdo” desse signo, a ideia que está por trás daquilo que se apresenta para as pessoas ou para si mesmo.
Escrever e refletir – dos mitos à cultura
Cultura versus natureza Quando falamos a palavra “cultura”, podemos pensar em duas possibilidades. Uma na qual essa palavra é entendida como acúmulo de conhecimentos e outra na qual a palavra “cultura” é entendida como ação dos homens sobre a natureza por meio do trabalho. O conceito de cultura é derivado da natureza, em especial do ato de cultivar uma lavoura. Por isso, a cultura tem seu início absolutamente material, passando, mais tarde, a ser entendida como atividade do espírito, principalmente como atividade dos homens urbanos, não mais do meio rural. O indivíduo culto não é mais o lavrador, e sim o estudioso da cidade. Nessa concepção mais tradicional de cultura, ela aparece como relação do homem com a natureza – a cultura pertence ao mundo dos homens e é a sua forma de vencer os descaminhos e os sofrimentos causados pela natureza; a cultura está no mundo do espírito humano e deve, por seu turno, colonizar quem está próximo à natureza e distante do mundo intelectual.
Liberdade e Determinismo
Se retomarmos a questão posta à lousa, temos aqui uma importante reflexão. Quem nos governa, a natureza ou nossas ideias? Nosso corpo ou nosso pensamento? Dessa maneira, a cultura pode significar o uso da liberdade, enquanto a natureza pode significar o determinismo biológico. Ao imaginar, sonhar, planejar, escrever, trabalhar, conduzir, governar, rezar ou se divertir, o homem exerce sua liberdade, enfrenta os sofrimentos causados pela natureza, prevê condições de alívio e consola-se diante do inevitável ou das suas derrotas. O homem percebe seu lugar de origem, sua identidade e, ao mesmo tempo, compreende que pode mudar e ter suas raízes autotransportadas. A natureza estaria apenas posta diante dos homens, exigindo deles não mais que uma vida animal, submetendo-os aos destinos dos que não pensam antes de agir, dos que não imaginam nem planejam uma vida mais significativa. A natureza impõe o corpo, a fome, o impulso sexual, a necessidade de saciar a sede, a doença, o cansaço, o calor e o frio. Com a natureza, o destino do homem está traçado. Um destino nada significativo, assim como a vida e a morte de qualquer animal.
A cultura em transição com a natureza
Um dos atos culturais por excelência é a arte. Seria possível imaginá-la sem a natureza? Um escultor sem a pedra ou o metal? Segundo essa concepção, natureza e cultura estão em acordo recíproco. Por isso, o homem não é fruto determinado de seu ambiente; ele é livre, mas é intimamente influenciado pela natureza. Voltando ao exemplo
da arte, por mais livre que seja um pintor, ele estará, ao mesmo tempo, limitado e inspirado por seus instrumentos  Assim, convém relativizar a ideia naturalista, que afirma ser a cultura uma expressão da natureza e sua determinação, o que devemos fazer também com o idealismo, pois as ideias estão associadas diretamente ao ambiente das pessoas. O fazer e o natural estão, portanto, indissociavelmente ligados.
A cultura é uma construção de si mesmo
Quando pensamos que a cultura constrói cada um de nós, o nosso eu, podemos supor uma divisão em nós: o eu inferior e o eu superior. Nessa relação, a natureza estaria no eu inferior, como desejo e paixão, e a cultura estaria no eu superior, como vontade e razão. Desse modo, a natureza não estaria apenas em nosso corpo ou em nosso entorno. Ela está no mais íntimo de cada um de nós. Mesmo assim, a natureza não seria capaz de nos saciar, porque não poderíamos viver apenas de desejos e porque, se isso fosse possível, não precisaríamos de cultura. A cultura é uma necessidade física e subjetiva de cada um de nós. Por essa ideia de cultura, podemos entender que somos capazes de nos inventar, já que estamos sempre nos fazendo. Assim, por exemplo, uma pessoa culta é aquela pessoa que inventou um ser para si. Por exemplo, se alguém quiser ser roqueiro, o que deve fazer? No mínimo, deve aprender a escutar rock Do mesmo modo, qualquer um de nós pode se inventar. Caso não nos inventemos, estaremos determinados pelo mundo que nos rodeia. Podemos ser pessoas pacientes, agradáveis, chatas; enfim, tudo é questão de escolha e atividade cultural. Mas nem sempre se inventar é fácil. Somos uma espécie de planta que precisa ser cultivada por nós mesmos.
Cultura e Estado
Com certeza, não é partindo do nada que imaginamos o que queremos ser ou nos tornar. Por isso, precisamos da ajuda ou do exemplo dos outros. Ora, o Estado brasileiro tem o dever de ajudar as pessoas a se formar como cidadãos, É preciso considerar outros campos de atuação estatal como políticas educacionais e os incentivos artísticos e culturais. Nessa concepção, a cultura é o que está entre a maquinaria do Estado e a sociedade civil, criando tensões e, ao mesmo tempo, produzindo unidades entre um e outro. Do ponto de vista do Estado, a cultura deve ser civilizadora, isto é, deve fazer com que as pessoas se tornem mais sociáveis.
Conceito de cultura
Em geral, podemos dizer que a cultura é a ação dos homens com ou sobre a natureza, por meio da objetivação da consciência (Hegel), pelo trabalho em sociedade (Marx), pela instituição de símbolos (Cassirer), por uma lei simbólica (Lévi-Strauss), por meio do contrato social (Rousseau), por meio da educação (Cícero). Em síntese, essa ação produz técnicas, valores, conhecimentos, ideias, religiões, artes e tudo o que circunscreve o mundo humano.

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR- A CULTURA: CONCEITO
A cultura engloba-se dentro dos elementos ambientais que influenciam todo um colectivo de consumidores. Para comercializar com êxito um produto é necessário compreender os factores culturais que afectam o processo, já que a conduta de compra das pessoas é influenciada pelos valores culturais que inter-actuam com as necessidades emocionais, isto é, os indivíduos realizam as compras no ambiente social da sua cultura. A cultura é um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, leis, moral, costumes e qualquer outro tipo de capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. A forma característica de vida de um grupo de pessoas, o seu plano global de vida. A cultura é, então, tudo o que aprendem e partilham os elementos integrantes de uma comunidade que vive em sociedade.
Em termos de marketing, podemos diferenciar dois tipos de componentes da cultura:
-          Materiais:  referem-se a todos os produtos e serviços que são gerados e consumidos.
-          Não materiais: aqui englobam-se as ideias, os costumes, crenças, hábitos das pessoas. Assim, a cultura não material representa a forma como os consumidores compram e procuram novos produtos e melhor qualidade.
Segundo Ariano Suassuna: “Cultura é o conjunto de procedimentos pelos quais o ser humano, como um todo, coletivamente se afirma perante a natureza. Dentro dessa definição, tudo que não for natureza é objeto de cultura. Por exemplo, um monte de barro é um objeto da natureza, mas se você pega esse barro e faz um tijolo é objeto de cultura. Agora, por um lado mais restrito, são as atividades humanas ligadas às artes e às ciências humanas.
Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa,16 de junho de 1927) é um dramaturgo,romancista e poeta brasileiro.Ariano Suassuna, um defensor da cultura do Nordeste, é um dramaturgo brasileiro, autor de Auto da Compadecida e A Pedra do Reino. Estudou direito e filosofia.
Os meios mais habituais de transmissão da cultura são:
-          A família, através de uma série de valores e costumes;
-          As instituições educativas e religiosas que inculcam o que é correcto e ético;
-          Os meios de comunicação, que diariamente emitem uma multitude de sinais através da publicidade sobre o que é socialmente bem visto e aceite.
A Cultura é inventada. Não surgiu do nada, foi criada por uma inter-relação de indivíduos que põem em comum ideias e habilidades determinadas. Esta invenção consta de três elementos interdependentes:
-          Um sistema ideológico ou componente mental constituído por crenças, valores, costumes que o homem aceita ao definir o correcto ou o incorrecto;
-          Um sistema tecnológico: habilidades, artes e ofícios que lhe permitem fabricar bens materiais;
-          Um sistema organizativo para coordenar eficientemente a conduta de um indivíduo com os demais.
A Cultura é aprendida. Não inclui respostas e predisposições hereditárias. Sem embargo, devido ao fato de, na sua maioria, o comportamento humano ser mais aprendido que inato, a cultura afeta uma ampla gama de comportamentos. É transmitida inconscientemente, especialmente nos primeiros anos de vida. Pode também ser transmitida por influências externas que provêm das amizades.
Distinguem-se três tipos de aprendizagem cultural:
-          Formal, inculca-se na infância no ambiente familiar;
-          Informal, aprende-se pela observação e inter-relação com o ambiente;
-          Técnico, vem dos ensinamentos dos professores no ambiente académico.
A Cultura é partilhada socialmente. É um fenómeno de grupo, entendendo como tal desde a sociedade até à família. Para que seja partilhada socialmente é necessário que seja aceita pela maioria da sociedade. Isto implica que os indivíduos que não possuem certos aspectos culturais podem assumir o risco de serem rejeitados.
A Cultura é diferenciadora. As culturas partilham certas semelhanças, mas também podem ter grandes diferenças, o que dá lugar à diversidade cultural.
A Cultura é adaptativa. Altera-se de uma maneira gradual e constante, em algumas sociedades muito lentamente, e noutras com grande rapidez.
A Cultura é organizada e integrada. Toda a cultura é coerente. Comportamo-nos, pensamos e sentimos de uma maneira consistente com a de outros membros de uma mesma cultura porque parece “natural” ou “correcto” fazê-lo.
A Cultura tem um carácter prescritivo. É constituída por normas e directrizes da sociedade que determinam qual é o comportamento apropriado segundo as circunstâncias, logo constituem padrões de conduta que se não forem cumpridos acarretam “sanções” e “castigos”
A cultura é dinâmica e é alterada ao longo do tempo.
Os valores orientados por outros reflectem uma visão da sociedade acerca das relações adequadas entre indivíduos e grupos dentro dessa sociedade.
Etnocentrismo
O etnocentrismo é a atitude pela qual um indivíduo ou um grupo social, que se considera o sistema de referência, julga outros indivíduos ou grupos à luz dos seus próprios valores. Pressupõe que o indivíduo, ou grupo de referência, se considere superior àqueles que ele julga, e também que o indivíduo, ou grupo etnocêntrico, tenha um conhecimento muito limitado dos outros, mesmo que viva na sua proximidade.
Relativismo cultural
Princípio que afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem.
Alteridade
A palavra alteridade possui o significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro.
A pratica da alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos, etc.
 “Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas”(Martin Luther King).
Na realidade, não existe a cultura, no singular, mas culturas, no plural, pois os sistemas que compõem a cultura variam de uma para outra.
A Filosofia se interessa por todas as manifestações culturais, pois, como escreveu o filósofo Montaigne, “nada do que é humano me é estranho”. 
Existem diversas culturas, já que existem diversas maneiras de agir e de interpretar o mundo, dando sentido às coisas. Essas culturas mantêm contato entre si, mas nem sempre esse contato é algo de que todos saem ganhando, porque muitas culturas se sentem superiores a outras, o que implica diversas maneiras de ver o mundo. A principal área de conhecimento que estuda outras culturas chama-se Antropologia. Por ela, aprendemos não apenas o que é o etnocentrismo, mas a importância de pensar o outro como diferente de nós, como alguém que tem muito a ensinar e muito a aprender conosco. Para que isso ocorra e reduzam-se as tensões entre diferentes culturas, temos de dar o passo mais importante, na direção do relativismo.  Por isso, todo julgamento que fazemos decorre de nossa cultura. Agora, é hora de perceber a diferença entre opinião e cultura. Opinião é uma fala pessoal, enquanto a cultura precede as opiniões e é partilhada por um grupo de pessoas. Outro problema importante surge quando nos colocamos uma questão simples: como agir, em relação aos outros? A maneira mais recomendada é pela alteridade, isto é, pela valorização de tudo aquilo que é do outro e diferente de nós.








TEXTO 2 FILOSOFIA E ARTE



O QUE É ARTE?
QUEM DETERMINA?
TUDO QUE É BELO É ARTE?
O ramo da filosofia a que se dá o nome de «estética» inclui um conjunto de conceitos e de problemas tão variados. Uma maneira de desfazer tal impressão é começar por esclarecer que a estética é a disciplina filosófica que se ocupa dos problemas, teorias e argumentos acerca da arte. A estética é, portanto, o mesmo que filosofia da arte.
Estética (do grego αισθητική ou aisthésis: perceber, sentir) é um ramo da filosofia que tem por objecto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e as emoções estéticas, bem como as diferentes formas de arte, do trabalho artístico; idéia de obra de arte e de criação; relação entre matérias e forma nas artes; toda a realidade, de todos os seres.
A Aesthesis, como uma dimensão própria do homem, tem despertado, desde a Grécia antiga, interesse e preocupação no ser por aquilo que, efetivamente, o agrada. Essa disposição ao questionamento do belo, a busca incessante pela compreensão e delimitação do conceito de beleza move a estética no transpassar da vida humana como disciplina filosófica, como mera fruição, como criação, como um ideal ou como uma ruptura
Arte é um fazer. A Arte é um conjunto de atos pelos quais se muda, se forma se transforma a matéria oferecida pela cultura e pela natureza. Ernst Gombrich, famoso historiador de arte, afirmou que:
        “nada existe realmente a que se possa dar o nome de Arte. Existem somente artistas ” (A História da Arte, LTC ed.).
Ernst Hans Josef Gombrich (Viena, 30 de março de 1909  Londres, 3 de novembro de 2001) foi um dos mais célebres historiadores da arte do século XX, especialmente por seus estudos sobre o renascimento.É o autor de um dos livros mais populares dentre os adotados pelas instituições de ensino de História da Arte, em vários países: The Story of Art (A História da Arte), publicado pela primeira vez em 1950

A palavra latina ars, matriz do português arte, está na raiz do verbo articular, que denota a ação de fazer junturas entre as parte de um todo.A arte se desenvolve em um espaço e em um tempo próprio
A arte (do Latim ars, significando técnica ou habilidade) normalmente é entendida como a atividade ligada a manifestações de ordem estética por parte do ser humano. A definição de arte, no entanto, é fruto de um processo sócio-cultural e depende do momento histórico em questão, variando bastante ao longo do tempo. Originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. Esse é o sentido usado em termos como "artes marciais". No sentido moderno, também podemos incluir o termo arte como a atividade artística ou o produto da atividade artística. Os maiores artistas Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti, Vincent Van Gogh, Paul Cézanne, marcaram gerações, evoluindo a arte em séculos em séculos.
História da arte, sociologia da arte, filosofia da arte, tudo isso coloca um problema epistemológico prévio. Por que o Homem se interessa por certos fatos únicos no tempo.? Por que se interessa pelo passado e sobretudo em que se interessa no passado. Como ligar o estudo dos fatos de consciência à localização histórica e à sua infra-estrutura.
         A estética pode ser, o que de resto é mostrado pela sua história, uma de três coisas: teoria do belo, teoria do gosto ou Filosofia da arte.
Em primeiro lugar, tanto a teoria do belo como a teoria do gosto dirigem o seu interesse de forma particular para as obras de arte. Para além do problema de saber o que é o belo, um dos problemas colocados pela teoria do belo é o da distinção entre o belo natural e o belo artístico. No mesmo sentido também os defensores da teoria do gosto procuraram compreender porque é que a arte está na origem de grande parte dos nossos juízos de gosto.
Em segundo lugar, a teoria do belo e a teoria do gosto não conseguem dar conta de muitos dos problemas que se colocam com o conceito de arte. É o caso das obras de arte que dificilmente podemos considerar belas e daquelas de que não gostamos mas não podemos deixar de considerar obras de arte.
Em terceiro lugar, o desenvolvimento da arte consegue levantar problemas acerca dos conceitos de belo e de gosto que estes não conseguem levantar acerca da arte. Isso torna-se evidente quando, por exemplo, os gostos e a própria noção de belo se podem modificar à medida que contatamos com diferentes obras de arte (a idéia de que a arte educa os gostos e influencia a nossa própria noção de belo).
Definições explícitas de «arte»: as teorias essencialistas
Teoria da arte como imitação: Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo homem e imita algo.
Teoria da arte como expressão: Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e emoções do artista.
Teoria da arte como forma significante: Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções estéticas.
Nenhuma das teorias aqui discutidas parece satisfatória. Tendo reparado nas insuficiências das teorias essencialistas, alguns filósofos da arte, como Morris Weitz, abandonaram simplesmente a idéia de que a arte pode ser definida.
(Morris Weitz (pronuncia-se / wi ː ts / ; 24 de julho de 1916 - 01 de fevereiro de 1981) foi um americano esteticista )
... outros, como George Dickie, apresentaram definições não essencialistas da arte, apelando, nesse sentido, para aspectos extrínsecos à própria obra de arte;
George Dickie (nascido em 1926 em Palmetto, Florida ) é um professor emérito de Filosofia na Universidade de Illinois em Chicago e é um influente filósofo de arte que trabalham na tradição analítica.
outros ainda, como Nelson Goodman, concluíram que a pergunta «O que é arte?» deveria ser substituída pela pergunta mais adequada «Quando há arte?».
Nelson Goodman (1906-25 de Novembro de 1998), foi um filósofo estadunidense. Aluno de Harvard, Nelson Goodman doutorou-se em Filosofia em 1941
Serão estas teorias melhores do que as anteriores? Aí está uma boa razão para não darmos por terminada esta tarefa.


Há diversos deuses apresentados pela mitologia grega, o “principal” deles é Zeus que seria o “deus dos deuses” para os gregos antigos. Apollo e Dioniso, dois desses deuses da mitologia grega são tratados por Nietzsch de uma maneira bastante interessante e que contribui de maneira “espetacular” para a compreensão de sua obra, especialmente e especificamente citados em “O nascimento da tragédia” (1872). A arte grega tem origem além do homem e representa “forças” que estão presentes no Mundo.
Um dos aspectos importantes para a compreensão da “explanação” que segue, é entendermos que os deuses gregos, diferentemente do Deus da tradição judaica-cristã, são imanentes à Natureza, eles não estão fora dela; esses deuses têm um grau de pertencimento intrínseco e nascem junto com o “cosmos” diferentemente do Deus Judaico-cristão que está fora do universo e o cria para o homem.  
Portanto a Physis (“física”) grega, tem um sentido bem diferenciado de como é considerada a nossa natureza desde o período da modernidade em diante (século XV); a physis grega era qualitativa e não quantitativa como é estudada a “nossa natureza” , podemos dizê-la como aquilo que se mostra, o que aparece, o que brilha. O Thauma, o espanto, a perplexidade, admiração, estarrecimento, maravilhamento, estranhamento, que aparece na Natureza é um dos aspectos que nos seus primórdios levaram os homens à filosofia inicial e assim os primeiros filósofos são tratados como os filósofos da natureza ou physis. A physis e a filosofia são instâncias em que o thauma aparece. (1)
Uma das questões aos olhos de Nietzsche é que a Arte Apolínea surge da “alegre, necessidade da imagem”. Mas a imitação da natureza pelos gregos era totalmente diferente da imitação dessa natureza pelos modernos. Com os modernos a natureza se torna objeto. Nos gregos e por exemplo em Heráclito se dizia que a physis ama se ocultar.
Apolíneo-dionisíaco é uma expressão relativa ao que vem dos deuses: Apolo e Dioniso – expressão popularizada e tratada por Nietzsche como um contraste no livro ‘O nascimento da tragédia”, entre o espírito da ordem, da racionalidade e da harmonia intelectual, representado por Apolo, e o espírito da vontade de viver espontânea e extasiada, representado por Dioniso. Conforme diz Blackburn no verbete apolíneo/dionisíaco.
Um quadro das distinções corriqueiramente apresentadas entre Apolo e Dioniso, embora não retratem “verdadeiramente” suas essências, podem ser descritas da maneira que segue.
Apolo:
Bela Aparência; Sonho; Forma (limite); Princípio de individuação; Resplandecente; Ordem; Serenidade; etc.
Dioniso:
Música; Embriaguez; Uno Primordial (não há forma, sem limite); Indiferenciação; Essência; Desmedida; Domínio Subterrâneo; etc.
O homem constitui um elo com o mundo. Não deveríamos nos afastar dessa realidade que era vivenciada na época antiga. “O Nascimento da tragédia” apresentado por Nietzsche, parece prever o que ocorreria com o homem 1 século depois desse livro ser publicado, hoje o homem evita toda a finitude e a “realidade” que é mostrada na tragédia grega. O homem dos nossos dias não aceita sofrer, não enfrentar a dor, não aceita a angústia, procura afastar-se de “todo mal” através de medicamentos e mais “medicamentos”, foge de tudo e de todos, utiliza-se de um movimento desenfreado, da agitação, das “atividades”, evita a solidão, não dá tempo para si próprio, tem medo do “real;” e o pior é que a “normalidade” da sociedade é uma loucura assustadora. A propósito: Quem é “louco”? Quem é “sano”?

Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 Weimar, 25 de Agosto de 1900) foi um influente filósofo alemão do século XIX.
Friedrich Nietzsche nasceu em 1844 na Alemanha numa cidade conhecida por Röcken. A sua família era luterana e o seu destino era ser pastor como seu pai. Nietzsche perde a fé durante a adolescência, e os estudos de filologia combatem com o que aprendeu sobre teológia: Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na universidade de Basiléia.
A cultura ocidental e suas religiões assim como a moral judaico-cristã foram temas comuns em suas obras. Nietzsche se apresenta como alvo de muitas críticas na história da filosofia moderna
Em 1871, publicou O Nascimento da Tragédia, a respeito da qual se costuma dizer que o verdadeiro Nietzsche fala através das figuras de Schopenhauer e de Wagner. Nessa obra, considera Sócrates (470 ou 469 a.C.-399 a.C.) um "sedutor", por ter feito triunfar junto à juventude ateniense o mundo abstrato do pensamento. A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua perfeição pela reconciliação da "embriaguez e da forma", de Dioniso e Apolo, começou a declinar quando, aos poucos, foi invadida pelo racionalismo, sob a influência "decadente" de Sócrates. Assim, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre o apolíneo e o dionisíaco: Apolo é o deus da clareza, da harmonia e da ordem; Dioniso, o deus da exuberância, da desordem e da música. Segundo Nietzsche, o apolíneo e o dionisíaco, complementares entre si, foram separados pela civilização. Nietzsche trata da Grécia antes da separação entre o trabalho manual e o intelectual, entre o cidadão e o político, entre o poeta e o filósofo, entre Eros e Logos. Para ele a Grécia socrática, a do Logos e da lógica, a da cidade-Estado, assinalou o fim da Grécia antiga e de sua força criadora.